As buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips continuam nesta terça-feira (14). Os dois desapareceram no último domingo (5), quando navegavam pela Terra Indígena Vale Javari, no Amazonas.
Além dos esforços concentrados na região, as buscas continuam em outras áreas do Rio Itaquaí e as investigações seguem sendo realizadas de forma técnica, segundo a Polícia Federal (PF).
A reserva onde eles desapareceram é palco de conflitos relacionados ao tráfico de drogas, roubo de madeira e garimpo ilegal.
Polêmica sobre localização de corpos
Na segunda-feira (13), Paul Sherwood, cunhado de Dom Phillips, informou que dois corpos haviam sido encontrados e que a informação foi repassada à família por um representante da embaixada brasileira no Reino Unido.
Mas a PF e associação indígena que denunciou os desaparecimentos negaram a informação de que os corpos dos dois foram localizados.
Nesta terça, Paul Sherwood recontou em post no Twitter que aconteceu. Ele confirmou que a notícia sobre a descoberta de corpos na Amazônia foi repassada por Roberto Doring, representante da embaixada brasileira no Reino Unido. Veja o post abaixo, que contou com apoio de irmãos, irmãs e sobrinhos do jornalista desaparecido.
A procura pelos dois teve início no próprio domingo por integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Como não conseguiram localizá-los, alertaram as autoridades sobre o sumiço na segunda-feira.
As buscas ao indigenista e ao jornalista reúnem o Exército, a Marinha, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e a Polícia Federal. O Exército atua desde a tarde de segunda, na região do Vale do Javari, com combatentes de selva da 16º Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Tefé (AM).
A equipe conta com, aproximadamente, 250 homens, com militares especialistas em operações em ambiente de selva que conhecem o terreno onde acontecem as buscas. Duas aeronaves, três drones e 20 viaturas foram deslocadas ao município para prestar apoio às investigações.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comentou, durante uma audiência na Câmara na quarta-feira (8), sobre o caso e disse não ter "noção do que tenha acontecido".
Em coletiva de imprensa realizada na quarta (7), o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Eduardo Fontes, afirmou que nenhuma linha de investigação foi descartada.
A PF também instaurou um inquérito para apurar o caso.
Na sexta-feira (10), a Univaja divulgou uma nota dizendo que solicitou apoio da Embaixada do Peru no Brasil, para buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, nas áreas de fronteira no território peruano próximas ao lugar do desaparecimento.
Equipes que fazem buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips encontraram um "material orgânico aparentemente humano", no rio, próximo ao porto de Atalaia do Norte, também na sexta (10).
De acordo com a nota, divulgada pela Polícia Federal (PF), o material encontrado foi encaminhado para análise pericial pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF.
No sábado (11), o Corpo de Bombeiros descartou que a escavação encontrada às margens do rio Itaquaí, onde Bruno e Dom Phillips foram vistos pela última, tenha relação com o desaparecimento dos dois, na Amazônia.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informou que vai investigar relatos de ter sofrido ato de violência, supostamente praticado por autoridades policiais, feitos por Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido como "Pelado". Ele está preso temporariamente e é investigado pelo desaparecimento.
No domingo (12), bombeiros encontraram uma mochila, um notebook e um par de sandálias na área onde são feitas as buscas. O material foi achado por volta das 16h (horário local) e encaminhado para perícia. Durante a noite de domingo, a Polícia Federal confirmou que os pertences encontrados são mesmo dos dois desaparecidos.
Logo nas primeiras horas da segunda-feira (13), a mulher de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, informou que os corpos do esposo e do indigenista Bruno Pereira teriam sido encontrados. Porém, a PF e a associação indígena Univaja não confirmaram a informação.
Na sede do município de Atalaia do Norte, indígenas fizeram uma manifestação em apoio a lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari. O ato também ocorreu em solidariedade às famílias dos desaparecidos.
Os indígenas percorreram as principais ruas do município, com flechas e faixas. Eles também protestam contra o governo do presidente Jair Bolsonaro e contra os projetos de lei 191 e 490.
Ainda na segunda, a Polícia Federal divulgou imagens que mostram os objetos Dom Phillips e Bruno Araújo encontrados na área de buscas.
Em um novo comunicado, divulgado no inicio da noite de segunda, a PF pontuou que a perícia no material orgânico que foi encontrado durante as buscas ainda passam por análises e o resultado da perícia deve sair durante a semana.
O desaparecimento
Bruno e Phillips foram vistos pela última vez quando chegaram na comunidade São Rafael por volta das 6h de domingo e onde conversaram com a esposa do líder comunitário apelidado de Churrasco. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.
"Os dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima à localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas", diz o texto da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Eles viajavam com uma embarcação nova, de 40 cavalos, e 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem.
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